quinta-feira, 23 de agosto de 2007

"Mergulhe!"


Na última semana tive um sonho um tanto interessante, e gostaria muito de compartilhá-lo.

No sonho eu estava num lugar alto - uma espécie de sala - com alguns conhecidos. Conversava com eles por um tempo, e a sensação que tinha era de insatisfação... me sentia estranha - vazia, talvez. Quando olhava para baixo, por uma espécie de janela, via um grande salão, sem cadeiras, com algumas pessoas andando pra lá e pra cá. Aquelas pessoas estavam em oração, se movendo no Espírito com liberdade e, ao observá-las, podia sentir aquela unção fluindo daquele lugar; via que aquele salão estava tomado por uma atmosfera do Espírito, então tive desejo de descer e estar com aquelas pessoas.
Foi o que fiz. Desci, e logo me coloquei entre elas. Comecei a orar e a ser pessoalmente ministrada pelo Senhor. Me envolvi naquela atmosfera também e, quando já estava orando por tempos ajoelhada no chão, algo aconteceu.
De repente não estava mais naquele salão: me vi dentro de um oceano, totalmente submersa. E esse oceano era um tanto imenso. Era como se eu estivesse em alto mar, no meio daquela imensidão - não havia nem sinal de praia! Via a luz do sol ao olhar de debaixo da água pra cima, e podia concluir que não estava muito no fundo.
E olhando ali para a luz do sol, sabia que o Espírito estava comigo. Não só isso: sabia que aquele oceano não era natural; era como se estivesse no próprio lugar onde Ele habita. Naquele momento senti um impulso de mergulhar, de sair de perto da superfície - de forma que nem mesmo a luz do sol eu pudesse ver através das águas. Então comecei a ouvi-lO, nitidamente, me dizer: Mergulhe! Mergulhe! Você precisa mergulhar! - era uma voz um tanto suave, mas imparcial.
Então ali, submersa, julguei aquele comando. Premeditei. Por um tempo até arrisquei me aprofundar, mas pensava na escuridão que logo se aproximaria - aquelas águas eram muito escuras! Me imaginava indo mais fundo, e sabia que era isso o que eu deveria ter que fazer, mas logo um terror tomou conta de mim! Sabia que precisaria 100% do Senhor para me sentir no mínimo confortável naquelas águas profundas e misteriosas. Fiquei com medo, fiquei com muito medo - era muito profundo, era muito imenso! Me assustava a idéia de estar ali, sem saber o que estava à minha espera. O que latejava em meu coração era CONFIANÇA; sabia que o que me bastava era confiar; mas aquilo me parecia tão tenebroso e assustador que não puder evitar: recuei.
A decisão de recuar tomada, tudo acabou: já me vi de volta àquele salão, no chão. Quando olhei ao meu redor, o Espírito tinha totalmente se retirado daquele lugar - o mover acabara. Eu já não mais contemplava Sua presença, e nem mesmo aquelas pessoas que se moviam (até antes de eu aparecer) eram mais ministradas. Senti-me frustrada.
O sonho acaba aí.


Nesses últimos dias, tenho crido que o Senhor me tem chamado à maior intimidade. E não apenas a mim, mas à Igreja como um corpo. Tenho crido que temos chegado a tempos crucias da História da Igreja - tempos das chamadas finais, tempo de salvação para todos os povos e nações - de forma que não há mais tempo a perder.
Diversas vezes, de bons tempos pra cá, toda vez que me levanto em oração, algo salta em meu espírito. É algo que tenho denominado "espírito dos últimos dias" - um clamor do Espírito que chama os perdidos à Salvação, e os salvos ao crescimento.

É algo um tanto tangível para mim que o Espírito tem clamado por intimidade com a Noiva - por relacionamento com os Filhos - e foi algo que Ele me fez pessoalmente. Lembro-me como ontem de quando eu ainda era um bebê espiritual. Recém-chegada ao ministério, adolescente, ainda assimilando as verdades da Palavra e sendo por ela liberta...
Houve um período em que o Senhor realmente se engajou em me chamar para a intimidade. Aquela intimidade inicial, sabe? Como quem precisa acordar para a realidade da vida cristã. E eu precisava muito.
Com todas as forças Ele clamava dentro de mim, e muitas testificações vieram. Eram convites de novas experiências por todo lugar. Quando passei a obedecer, comecei a usufruir de um tempo precioso no Senhor, que foi um crescimento essencial para tal fase da minha vida.

Essa semana, vi-me convidada a avançar.
Naquele oceano encontrava-me um tanto longe da praia - estava nada menos que em alto mar! De fato não havia mais como voltar à terra firme, assim como não há como eu voltar à estaca zero com o Senhor, pois já tenho experimentado um avanço em conhecê-Lo e servir-Lo. Eu também não estava fora da água: estava dentro do oceano, submersa. Mas ainda assim, via a luz do sol. Diria, talvez, que ainda havia no que me apegar do lado de fora da água. Por mais que estivesse longe da praia, totalmente submersa, ainda ficava perto da superfície, olhando para o sol que me dava uma visão do "externo" - ainda deixava-me me assegurar no natural. Consegue fazer uma analogia disso com a vida cristã? Muitas vezes nos entregamos ao Senhor, mas por mais que nos convençamos que estamos dependentes 100% dEle, sempre há algo a que nos apegamos na vista natural. Por isso, muitos de nós acabamos não crescendo em Deus, e preferindo não confiar totalmente nossa vida a Ele.

No ano passado o Senhor me trouxe um texto maravilhoso, e ministrou-me com muita revelação a respeito de níveis de confiança nEle. O texto é de Ezequiel 47, e fala sobre as águas que fluem do templo do SENHOR:

1 Depois disto, o homem me fez voltar à porta da casa, e eis que saíam águas por debaixo da sombreira do templo para o oriente; porque a face do templo dava para o oriente, e as águas desciam de debaixo, desde o lado direito do templo, ao sul do altar.
2 E ele me fez sair pelo caminho da porta do norte, e me fez dar uma volta pelo caminho de fora, até à porta exterior, pelo caminho que dá para o oriente e eis que corriam as águas do lado direito.
3 E saiu aquele homem para o oriente, tendo na mão uma linha de medir; e mediu 500 metros, e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos tornozelos.
4 E mediu mais 500, e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos joelhos; e outra vez mediu 500, e me fez passar pelas águas que me davam pela cintura.
5 E mediu mais 200, e era um rio, que eu não podia atravessar, porque as águas eram profundas, águas que se só se podia atravessar a nado, rio pelo qual não se podia passar andando.
6 E disse-me: Viste isto, filho do homem? Então levou-me, e me fez voltar para a margem do rio.
7 E, tendo eu voltado, eis que à margem do rio havia uma grande abundância de árvores, de um e de outro lado.
8 Então disse-me: Estas águas saem para a região oriental, e descem ao deserto, e entram no mar; e, sendo levadas ao mar, as águas tornar-se-ão saudáveis.
9 E será que toda a criatura vivente que passar por onde quer que entrarem estes rios viverá; e haverá muitíssimo peixe, porque lá chegarão estas águas, e serão saudáveis, e viverá tudo por onde quer que entrar este rio.
10 Será também que os pescadores estarão em pé junto dele; desde Engedi até En-Eglaim haverá lugar para estender as redes; o seu peixe, segundo a sua espécie, será como o peixe do mar grande, em multidäo excessiva.
11 Mas os seus charcos e os seus pântanos não tornar-se-ão saudáveis; serão deixados para sal.
12 E junto ao rio, à sua margem, de um e de outro lado, nascerá toda a sorte de árvore que dá fruto para se comer; não cairá a sua folha, nem acabará o seu fruto; nos seus meses produzirá novos frutos, porque as suas águas saem do santuário; e o seu fruto servirá de comida e a sua folha de remédio.



Que texto maravilhoso! Fala das águas que fluem do templo e que passam a transbordar - e a medida que flue por toda a cidade, faz prosperar tudo que está à sua beira! Tais águas vêm nada menos que da habitação do Senhor, e vem inundar aqueles que as encontram, até que seja preciso mergulhar! Aqueles que delas dependem, frutificam!
Quando chegou à minha compreensão que a presença do Senhor também figurava-se por meio de "muitas águas" foi um tanto interessante pra mim.
Eu, desde pequena, tenho pavor a mergulho. Sim. Não de nadar; mergulhar mesmo. Só de pensar em colocar uma daquelas máscaras de gás e aquele macacão de borracha para adentrar o desconhecido do submundo oceânico, já me dá um frio na espinha. Não dá para explicar. Mas me foi essencialmente útil para compreender o que é confiar no Senhor. Enquanto Ele ministrava-se a respeito de Suas águas, encorajava-me a me lançar nelas com confiança, de forma que me despojasse de qualquer tipo de medo - os quais eu podia bem compreender no âmbito natural.

Foi um tempo incrível de revelação.
O que é estar no meio de uma total imensidão de águas profundas e escuras, e ainda estar confiante? O que é adentrar as trevas, mergulhando com intrepidez e bravura? O que é fazê-lo sem duvidar de que chegará a algum lugar? Assim é confiar no Senhor com todo o seu coração! É seguir por caminhos que te exigem fé - sem olhar para trás, sem olhar para frente, nem para um lado, nem para o outro. Quando temos que depender do Senhor, não podemos atentar para as circunstâncias ao nosso redor! Devemos olhar para dentro e viver pelo o que se crê. É fechar os olhos totalmente para as circunstâncias e viver segundo aquela força indestrutível no seu coração. Essa força que, inexplicavelmente, gera em você uma sede por prosseguir e avançar - desbaratando todas as obras do inimigo e andando na autoridade que o Pai nos concedeu por meio do sacrifício de amor do Cristo!


Tudo isso que o Senhor me tem ministrado culminou nesse recente convite - e alerta! - por um mergulhar mais profundo nEle. De fato foi um chamado pessoal do Senhor para que eu me alinhasse às suas expectativas em nosso relacionamento, pois Ele tem mais para me oferecer, e mais de mim que quer para Ele.
Creio que esse é um chamado universal. Como disse, um convite que chama os perdidos à Salvação, e os salvos ao crescimento.
Minha decisão, hoje, é atentar ao Senhor e me envolver com esse espírito dos últimos dias, que consiste em paixão por Cristo, compaixão pelas almas, e amor pelo Reino e Sua causa. Mas tudo isso só se torna vida quando nos comprometemos com o Senhor, Sua Verdade, e Seu Espírito. Temos que avançar! Em amor às almas, temos que avançar. Temos que mergulhar!

Regozijo-me ao reler a respeito da colheita daqueles que se lançam:

"E será que toda a criatura vivente que passar por onde quer que entrarem estes rios viverá; e haverá muitíssimo peixe, porque lá chegarão estas águas, e serão saudáveis, e viverá tudo por onde quer que entrar este rio. Será também que os pescadores estarão em pé junto dele; desde Engedi até En-Eglaim haverá lugar para estender as redes; o seu peixe, segundo a sua espécie, será como o peixe do mar grande, em multidäo excessiva (...) E junto ao rio, à sua margem, de um e de outro lado, nascerá toda a sorte de árvore que dá fruto para se comer; não cairá a sua folha, nem acabará o seu fruto; nos seus meses produzirá novos frutos, porque as suas águas saem do santuário; e o seu fruto servirá de comida e a sua folha de remédio." Ez. 47:9-12